sexta-feira, 28 de janeiro de 2011



Então, que seja doce. Repito todas as manhãs, ao abrir as janelas para
 deixar entrar o sol ou o cinza dos dias, 
bem assim: que seja doce. Quando há sol, e esse sol bate na minha cara amassada do sono ou da insônia, contemplando as partículas de poeira soltas no ar, feito um pequeno universo, 
repito sete vezes para dar sorte: que seja doce que seja doce que seja doce e assim por diante.
Mas, se alguém me perguntasse o que deverá ser doce, talvez não saiba responder. 
Tudo é tão vago como se não fosse nada. Ninguém perguntará coisa alguma, penso.
Depois continuo a contar para mim mesmo, como se fosse ao mesmo tempo
 o velho que conta e a criança que escuta, sentado no colo de mim (...) Que seja doce."


Caio Fernando Abreu

Nenhum comentário:

Postar um comentário